Portugueses consideram que comprar carro é possível, mas à custa de esforços financeiros
Preço médio do último veículo adquirido pelos portugueses ronda os 16 mil euros, valor próximo da média europeia.
Os preços dos carros, tal como aconteceu com os restantes produtos e serviços, não escaparam à inflação. Juntando os efeitos da Covid-19 aos causados pela Guerra na Ucrânia, a inflação crescente tem dificultado a aquisição de novos veículos por parte dos consumidores, que pensam já duas vezes antes de tomarem grandes decisões de investimento. O novo estudo da Cetelem conclui isso mesmo, ao constatar que, na maioria dos países onde se realizou o estudo (18 no total), se observa uma diminuição nos volumes de venda dos veículos novos, ao mesmo tempo que o preço das viaturas novas aumentou num ritmo superior ao aumento dos rendimentos das populações.
Leia ainda: Mazda MX-5 RF, o carro de fim de semana perfeito para o dia a dia
Mas, afinal, quanto é que os consumidores pagam atualmente por um automóvel? Tendo em conta os dados do estudo, o preço médio pago pelos condutores portugueses entrevistados quando compraram a última viatura foi de 16.110€, um valor próximo da média europeia (16.712€). A nível europeu, a Polónia é o país onde o preço médio dos veículos adquiridos é o mais baixo (7.964€). Por outro lado, a Noruega (20.169€) e a Alemanha (20.084€) apresentam os valores mais elevados. Já a nível mundial, o preço médio é ligeiramente mais baixo (16.181€) do que a média europeia.
Um preço razoável… nas viaturas usadas
Esta evolução constante do preço das viaturas, no entanto, não afetou o valor percecionado pelos consumidores em relação ao preço de um veículo, uma vez que 79% dos condutores consideraram que o preço de compra da sua última viatura foi “razoável”. Porém, quando analisamos mais detalhadamente estes resultados, os dados revelam a existência de uma divisão acentuada entre os compradores de veículos usados e os de novos. 77% dos que adquiriram veículos usados demonstram maior satisfação com a relação entre o montante despendido e o valor que atribuem ao automóvel, em comparação com apenas 57% dos compradores de veículos novos. Uma clivagem significativa encontrada em todos os países do estudo.
Comprar carro, sim, mas a que custo?
Apesar desta avaliação entre o preço e valor percecionado se manter positiva para a maioria dos inquiridos, tal não significa que perspetivem facilidade na compra, considerando o aumento do custo de vida. De acordo com o estudo, 77% dos condutores portugueses consideram que continua a ser possível comprar um carro, mas à custa de mais esforços financeiros. É importante igualmente sublinhar que entre os inquiridos para o estudo, encontramos um sentimento crescente de que o automóvel se encontra reservado a apenas a algumas pessoas. Em Portugal, são já 15% dos cidadãos a acreditar que comprar um veículo se encontra reservado apenas a quem tem capacidade financeira. Importa, ainda, notar que este sentimento se acentua, em geral, entre aqueles que não são proprietários de veículos, com 3 em cada 10 a partilhá-lo.
Veja também: 7 dicas para fazer uma curva perfeita
A comprovar claramente esta perceção dos consumidores, o relatório realizado pela Statista – uma plataforma que consolida dados estatísticos a partir de milhares de fontes internacionais –, que analisou o nível da taxa de esforço medida pela relação entre o preço de uma viatura e o rendimento médio anual, aponta que esta taxa parece estar próxima e acima de 100% em alguns países, o que significa que adquirir uma viatura custa um ano inteiro de rendimentos para alguns indivíduos. Em Portugal, a taxa de esforço de acordo com este relatório é de 141%.