Artigo de Equipa Automundo
22-04-2019

Portugal está na moda e não é de agora, mas à parte os destinos mais visitados, como Lisboa, Porto ou Algarve, há uma região que tem conhecido um crescimento assinalável nos últimos tempos. Estamos a falar do centro do país, que em janeiro de 2019 teve o seu “melhor mês de janeiro de sempre” desde que há registos, de acordo com os números publicados pelo Instituto Nacional de Estatística.

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As dormidas nas unidades hoteleiras no Centro de Portugal aumentaram 7,2% em janeiro de 2019 e os proveitos subiram 9,1% em relação ao mesmo período de 2018. No total, contabilizaram-se 294 mil dormidas em janeiro, mais 19,8 mil do que no mesmo mês do ano anterior.

O centro de Portugal tem muito por descobrir

Pela primeira vez em janeiro, as dormidas de visitantes estrangeiros ultrapassaram as 100 mil, totalizando 103 mil, contra 90,6 do ano anterior. Este sucesso no primeiro mês do ano deixa antever que o ano de 2019 pode bater todos os recordes.

O centro de Portugal tem muito por descobrir, como pode perceber pelo roteiro de três dias que preparámos para si. Obviamente que numa área de 28 405 km² (31% de Portugal continental), que reúne 100 concelhos, muitos lugares interessantes vão ficar de fora e por isso tivemos de ser bastante seletivos na escolha.

Dia 1: Bombarral – Óbidos – Alcobaça – Batalha – Fátima

Este nosso roteiro de três dias começa com uma visita ao Bacalhôa Buddha Eden, na Quinta dos Loridos (Bombarral). Se possível, esteja cedo no local, que abre às 09:00. Trata-se do maior jardim oriental da Europa, com cerca de 35 hectares. Entre budas, pagodes, estátuas de terracota e várias esculturas colocadas entre a vegetação, estima-se que foram usadas mais de 6 mil toneladas de mármore e granito para edificar esta obra monumental. A escadaria central é o ponto focal do jardim, onde os Buddha dourados dão calmamente as boas-vindas aos visitantes.

No lago central é possível observar os peixes KOI, e dragões esculpidos que se erguem da água. Terá ainda a oportunidade de observar os cerca de 600 soldados de terracota pintados à mão, cada um deles único, encontrando-se alguns enterrados, tal como há 2.200 anos.

Em Óbidos não faltam símbolos religiosos

Depois de ter visitado este impressionante jardim oriental, faça-se à estrada, na direção da pitoresca vila medieval de Óbidos. Situada num ponto alto, próximo da costa atlântica, encontra-se dentro de muralhas. Destaca-se um castelo bem conservado e um labirinto de ruas e casas brancas encantadoras. Passeie tranquilamente entre pórticos manuelinos, janelas floridas e pequenos largos.

Em Óbidos não faltam símbolos religiosos, como a Igreja Matriz de Santa Maria, a Igreja da Misericórdia e a Igreja de São Pedro. Já fora das muralhas, encontra-se o Santuário do Senhor Jesus da Pedra e o Museu Municipal de Óbidos.

Como a fome já está a apertar, é tempo de procurar um bom sítio para almoçar. A 15 minutos de distância, na localidade do Guisado (ao lado das Caldas da Rainha) encontra-se o fabuloso restaurante O Solar dos Amigos. Sem exagero, cada dose individual da Tibornada de Bacalhau ou dos Lagartos – os pratos mais afamados da casa – dão para três pessoas que comam muito bem. E para além da qualidade da comida, o preço está muito em conta.

Após o almoço, a localidade a visitar é São Martinho do Porto, uma vila junto de uma baía onde pode dar um passeio à beira-mar. Siga depois para a histórica cidade de Alcobaça, onde é “obrigatório” visitar o Mosteiro de Alcobaça. Erigido segundo o modelo da Abadia de Claraval, casa-mãe da Ordem de Cister em França, é um belíssimo monumento classificado como património da humanidade pela UNESCO.

Já o Castelo de Alcobaça está edificado sobre um monte com cerca de 70 metros de altura, do lado poente do Mosteiro. De noite, costuma estar iluminado, proporcionando um belo espetáculo. Vale a pena subir ao castelo e apreciar a vista sobre a cidade de Alcobaça e sobre os campos até à imponente Serra dos Candeeiros.

Depois de Alcobaça, segue-se a Batalha, onde também há um imponente mosteiro para visitar

A gastronomia e a doçaria de Alcobaça foram muito influenciadas pelos Mosteiros e conventos da Ordem de Cister existentes na região. Dê uma saltada à famoso pastelaria Alcôa, onde encontra uma infindável lista de doces conventuais.

Depois de Alcobaça, segue-se a Batalha, onde também há um imponente mosteiro para visitar. Se ainda quiser continuar numa “onda religiosa”, desloque-se a Fátima e visite o seu impressionante Santuário, senão dirija-se às grutas da Moeda, mesmo ali ao lado, em São Mamede. Trata-se de uma gruta deslumbrante, onde poderá observar rochas, estalactites e outras curiosas formações.

Depois de um dia cansativo, pernoite na Quinta da Alcaidaria Mór, em Ourém. Esta grande propriedade mantém uma atmosfera tradicional, com paredes de pedra à entrada e uma majestosa escadaria que nos leva à casa de jantar. No local existe uma capelinha alpendrada e uma piscina exterior de grandes dimensões.

Dia 2: Leiria – Serra da Lousã – Aldeias do Xisto – Coimbra

Depois de acordar e tomar o pequeno-almoço na Quinta da Alcaidaria Mór, dirija-se para Leiria. A Praça Rodrigues Lobo, no centro histórico de Leiria, é a sala de visitas da cidade e dispõe de cafés e esplanadas aprazíveis.

De seguida, pode visitar o Castelo de Leiria, edificado na Idade Média e que se destaca pelo Palácio Real quatrocentista, pela Torre de Menagem e pela Igreja de Santa Maria da Pena. A verdejante colina da Senhora da Encarnação, nos limites da cidade, é o local ideal para passear e desfrutar do ar puro.

Arranque para a Serra da Lousã, para uma viagem que durará cerca de 45 minutos. E asseguramos que vai valer a pena, pois é hora do almoço e à sua espera terá um autêntico manjar dos Deuses no restaurante O Burgo da Lousã, ao lado da Ermida de Nossa Senhora da Piedade. Os pratos de caça são as estrelas da casa e aconselhamos-lhe que peça o menu de degustação, com cinco pequenos pratos de carne deliciosa, nomeadamente chanfana, javali, veado, coelho e cabrito.

Todas as casas erigidas com blocos de xisto obedeceram a regras de construção

Após o almoço e para fazer a digestão, nada melhor do que um passeio por três aldeias de xisto. Comece a caminhada por Aigra Nova, que tem uma malha urbana simples, de construção baixa e à base de xisto. Todas as casas erigidas com blocos de xisto obedeceram a regras de construção, para resistirem às intempéries e ao passar do tempo. Pode comprar produtos locais na Loja Aldeias do Xisto.

Já a Aldeia de Pena é o resultado perfeito da construção, conjugando o xisto com o quartzito. Um grande castanheiro encontra-se na entrada da aldeia e os Penedos de Góis, a uma altitude de 1040 metros, formam desníveis únicos, com quedas de água e paisagens deslumbrantes com miradouros sobre a paisagem beirã, podendo daí avistar-se a Serra da Estrela, a Serra do Açor e o Trevim.

A última aldeia de xisto que sugerimos é o Talasnal, a mais conhecida na Serra da Lousã. A ruela principal acompanha o declive da encosta, num percurso íngreme. Dela derivam quelhas e becos e logo ali ao lado, na vegetação luxuriante, há veados, corços, javalis e muitas outras espécies.

Os quartos homenageiam grandes escritores portugueses

O final da tarde está a chegar e é altura de voltar a fazer-se à estrada, desta feita na direção de Coimbra, onde poderá pernoitar no Sapientia Boutique Hotel, que de acordo com o seu site oficial “cruza a ousadia da arquitetura contemporânea com o respeito pelos traços do passado”. Os quartos têm uma decoração muito original e homenageiam grandes escritores portugueses, como Fernando Pessoa e Luís de Camões.

Pode aproveitar para jantar no Pátio das Camellas, o restaurante do hotel, que oferece um menu simples, baseado em tapas de comida tradicional portuguesa. Se não estiver muito cansado, aproveite para beber um copo na boémia cidade dos estudantes. O bar Noites Longas, no centro, é um clássico. Mas não se deite muito tarde porque ainda tem um terceiro dia de viagem pela frente.

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Dia 3: Coimbra – Luso – Aveiro

Depois do revigorante pequeno-almoço do Sapientia Boutique Hotel, a manhã deste terceiro dia vai ser dedicada à exploração da bela cidade de Coimbra. Comece por visitar a Sé Velha, Catedral românica conhecida pela aparência de fortaleza e as altas muralhas ameadas. Depois, caminhe para o Mosteiro de Santa-Clara-a-Velha, muito ligado à figura da Rainha Santa Isabel e que recentemente foi submetido a obras de revalorização. É um monumento nacional que inclui um centro interpretativo que revitalizou o espaço e a sua história.

Já fora de Coimbra, visite Conímbriga, famosa pelas suas ruínas romanas e depois dirija-se para a Mata Nacional do Bussaco, onde poderá fazer caminhadas enquanto respira ar puro. Ao almoço, pode optar pelo restaurante Pedra de Sal, no Luso, e deliciar-se com pratos de comida tradicional portuguesa. Para sobremesa, aconselhamos o Morgado do Bussaco. O nosso roteiro de três dias está quase a terminar, mas ainda há tempo para seguirmos mais 60 km para Norte, até Aveiro. Na “Veneza portuguesa” pode começar por passear na Ria, num moliceiro.

Na “Veneza portuguesa” pode começar por passear na Ria, num moliceiro

Depois, ande pelas ruas do centro, onde poderá observar diversos prédios art nouveau, entrar em lojas de comércio local e conhecer o Mercado de Peixe. E, claro, não pode deixar Aveiro sem comer os seus magníficos ovos moles, aproveitando para levar consigo uma caixa (ou várias) desta autêntica iguaria.

E pronto. Chegou ao fim o nosso roteiro de três dias pelo Centro de Portugal, em que lhe mostrámos o melhor desta terra de contrastes que possui um grande património cultural e excelente gastronomia.

 

Percorra a galeria e veja mais fotos deste roteiro perfeito pelo Centro de Portugal.

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